Olá galera!
Estava sem postar há um tempinho mas voltei com tudo para falar de dois temas interessantes que se completam: as coisas simples da vida passando desapercebidas perante aos nossos olhos e a importância de viver no momento presente!

Como introdução vou falar um pouco sobre o filme Ensaio Sobre a Cegueira. Você já viu? Caso ainda não, recomendo!
A história do filme fala sobre uma epidemia mundial aonde todas as pessoas começam a ficar cegas, mas por algum motivo apenas uma mulher não foi infectada e consegue enxergar.
Baseado no romance do escritor português José Saramago, o qual relata sobre o livro que “através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso", o filme passa uma mensagem incrível sobre o despertar dos instintos de sobrevivência do homem devido a cegueira, bem como a igualdade que a cegueira leva as pessoas no final da trama, concluindo que ninguém é melhor ou pior, todos são iguais e precisam se ajudar para “reconstruir” o mundo que ficou um caos total!

Com a globalização, os avanços tecnológicos e a necessidade de estar sempre conectado e antenado com o que está acontecendo no mundo, as pessoas acabam perdendo valores e coisas simples da vida. Vivem para o futuro, preocupam-se com o passado e se esquecem do agora, ficando cegas...

O vídeo seguir exemplifica perfeitamente essa cegueira simbolizada pelo “iphone”:


Não sou contra o avanço tecnológico, muito menos contra o iphone, antes que alguns revoltados façam suas críticas hehe.

Mas faço um apelo para sermos inteligentes e buscarmos um equilíbrio. Conhecer os dois lados e tirar proveito de forma saudável é fundamental.
Um dia fui jantar com um grupo de amigos. Sentados em uma mesa redonda, esperávamos o garçom trazer os pedidos. Enquanto isso, com a cabeça curvada, cada um fixava a atenção em uma pequena tela de celular, atualizando o facebook. Ninguém viveu aquele momento, não tinha ninguém ali no presente...

O que eu desejo é que as pessoas vivam mais a vida e não, simplesmente, passem por ela. Fiquem deslumbradas com o pôr-do-sol, uma criança nascendo,  a risada dos amigos, as ondas do mar...
Quando ficamos cegos, mas podendo enxergar, ao sermos comparados com aquele cego que sofre, de fato, uma deficiência visual, conclui-se que o segundo, sem dúvida, enxerga muito mais que nós.

Então, abra os olhos agora, fique aqui no presente, viva esse momento, não deixe para amanhã, não se prenda ao passado.
Liberte-se!


Como dica, recomendo o livro “O Caminho do guerreiro pacífico”, que também possui um filme chamado “Poder Além da Vida” e foi baseado em uma história real.

Para concluir, uma passagem do livro...
“Amarrei o sapato, levantei-me e me vi sozinho num sótão velho e mofado, sem janelas. Em meio à penumbra, identifiquei alguns baús, com a forma de caixões verticais, encostados em um canto.

Os pêlos dos meus braços se levantaram de uma só vez e eu senti um medo indiferente.  Eu não ouvia nenhum som a não ser as batidas do meu coração. Tudo o mais era abafado naquele ambiente lúgubre embolorado. Hesitei ao dar um passo e percebi que estava no interior ed uma estrela de cinco pontas, um pentagrama vermelho-acastanhado, pintado no chão. Olhei mais de perto. A cor era de sangue ressecado – ou coagulado.
Ouvi uma gargalhada, um rosnado às minhas costas, tão repugnante e horrenda que senti um gosto metálico na boca. Virei-me e dei-me com uma besta disforme. O monstro soprou na minha cara, e um hálito fedorento, adocicado e enjoativo, de morto, atingiu-me em cheio.

As bochechas grotescas afastaram-se, revelando presas negras.
- Veenhaa para miiiimm – disse. Senti-me induzido a obedecer, mas por instinto me contive. Não me mexi.

O monstro trovejou sua fúria.
- Minhas crianças, peguem-no!

Os baús começaram a se mover lentamente na minha direção e se abriram, revelando cadáveres em decomposição, repugnantes, que saíram de suas tumbas e avançavam firmemente. Rodopien dentro do pentagrama, buscando um lugar para onde correr; de repente a porta do sótão se abriu e uma jovem de aproximadamente dezenove anos entrou, aos tropeções, caindo na extremidade externa do pentagrama. A porta permaneceu entreaberta e um raio de luz penetrou o quarto.
Ela era linda e estava vestida de branco. Gemia como se estivesse ferida e disse com voz fraca:

- Ajude-me, por favor, ajude-me! – Seus olhos imploravam, chorosos, mas guardavam uma promessa de gratidão, recompensa e desejo insaciável.
Olhei para os monstros que se aproximavam. Em seguida olhei para a garota e a porta.

Por fim a Sensação aflorou dentro de mim: ”Fique onde está. O pentagrama é o momento presente. Aí você está seguro. O demônio e seus asseclas são o passado. A porta é o futuro. Cuidado.”
Nesse momento, a garota gemeu novamente e rolou de costas. O vestido ergueu, deixando uma perna à mostra, quase até a cintura. Ela estendeu as mãos para mim, tentadora.

- Ajude-me...
Embriagado de desejo, lancei-me para fora do pentagrama.

A mulher rosnou para mim, exibindo presas vermelhas de sangue. O demônio e sua gente gritaram triunfantes e saltaram sobre mim. Pulei para dentro do pentagrama.”




“O pior cego é aquele que não quer enxergar o presente.”

Beijos,
Pauline Alves.